Mídia / Jornal Fera

Sotaque brasileiro no inglês: principais características

24/04/2017

Para o ouvido atento, é fácil identificar quando a maioria dos brasileiros fala inglês. Há quem diga que ele soa como o russo, outros dizem que parece espanhol, mas todo mundo concorda que ele não é incomum. Normalmente, isso não é ruim. Afinal para qualquer bilíngue (brasileiro ou não), é difícil fazer com que todos os traços da primeira língua desapareçam da segunda. O resultado costuma ser só uma fala diferente, tem até quem ache charmoso. Mas tem que ter cuidado para não exagerar.

Quando levadas ao extremo, as pequenas marcas da língua portuguesa podem fazer um estrago no inglês. Se o seu inglês só faz sentido na sua cabeça, existe um problema. Por isso, cuidado para não confundir sotaque brasileiro com “portunglês”.

Para explicar os erros, separei alguns exemplos das listas de estudos “15 Common Mistakes Brazilians Make in English” e “Embarrassing Mistakes Brazilians Make in English”. Se você reconhecer que seu inglês precisa de uns ajustes, pode fazer os exercícios propostos nas listas de estudos para se livrar dessas características do português no inglês.

Mas antes de citar qualquer uma dessas características, vamos lembrar da regra dourada para aprender qualquer idioma: se a mensagem foi passada, não existe um problema. Então não se preocupe com a forma como as palavras soam, ou que você é perceptivelmente brasileiro, o importante é que te entendam.

Veja quais são os principais sinais que entregam um brasileiro falando inglês:

1. DIMINUTIVOS ACIDENTAIS

O inglês possui alguns sons que o português não usa, e vice-versa. Isso pode gerar dificuldade para quem aprende a língua, afinal você nunca teve que usar sons como o “th” de “three” ou o “d” mudo de “deadline”.

Em alguns casos, a pronúncia errada é inofensiva, como acontece com a maioria das letras mudas, que são abrasileiradas com a adição de uma vogal (“deadline” vira “deadiline”, “loved” vira “lovedi”, “bird” vira “birdi” e por aí vai). No inglês, alguns substantivos terminando em consoante aceitam a adição de -ie para indicar diminutivo, então nasce uma coincidência engraçada. O resultado é até fofo. Veja um exemplo:
O que a pessoa quer dizer: “I’m giving seeds to my bird” – “Eu estou dando sementes para o meu pássaro.”

O que é dito: “I’m giving seedies to my birdie” – “Eu estou dando sementinhas para o meu passarinho.”

No exemplo acima alguém pode até rir e corrigir a pronúncia, mas a frase ainda é perfeitamente compreensível. O problema pode surgir em situações mais sérias, em que o uso do diminutivo não é engraçado, é só estranho, ou em que existe uma palavra parecida com um significado completamente diferente. Os sons de “ee” ou “th” são fontes comuns de confusão. Não é difícil de entender porque a palavra “teeth” dá tantos problemas. Veja no exemplo:
O que a pessoa quer dizer: “I brush my teeth every morning.” – “Eu escovo meus dentes toda manhã.”

O que é dito: “I brush my tits every morning.” – “Eu escovo meus peitos toda manhã.”

2. A ORDEM DAS PALAVRAS

No inglês, a construção das frases acontece de forma diferente do que no português. Principalmente na colocação de adjetivos, e formulação de perguntas, isso pode gerar bastante confusão. Esse erro atrapalha mais o entendimento do que o anterior, que era só uma pronúncia diferente, e em casos pode ser um problema de verdade. Afinal, não adianta ter um vocabulário incrível se você não consegue montar frases coerentes com ele.
Algumas confusões possíveis:
Perguntas:

“Eu sou a pessoa mais legal que você conhece?”
CERTO:“Am I the coolest person you know?”
ERRADO:“I am the coolest person you know?”
Adjetivos:

“Ela vive numa casa grande e amarela.”
CERTO: “She lives in a big yellow house.” – “She lives in a house that is big and yellow.”
ERRADO: “She lives in a house big and yellow.”

3. TRADUÇÕES LITERAIS

Algumas expressões só fazem sentido em inglês, e outras só fazem sentido em português. Respeite esses limites. Na hora do aperto, usar o equivalente em inglês para uma frase em português na sua cabeça pode até funcionar, mas fazer isso o tempo todo é cansativo para você (que vai ter que se explicar a cada frase) e para quem te ouve (que vai ter que se esforçar para entender construções frasais estrangeiras).

Uma parte muito importante de aprender inglês é se familiarizar com a fala dos nativos, e não só aprender as palavras e fazer traduções simultâneas na sua cabeça. O resultado são frases desengonçadas que qualquer brasileiro vai reconhecer e entender, mas que vão deixar seu amigo gringo muito confuso.

Alguns exemplos:
“Ele está falando sozinho.”
ERRADO: “He is speaking alone.”
CERTO: “He is talking to himself.”

“Eu falo inglês o tempo todo.”
ERRADO: “I speak English every time.”
CERTO: “I speak English all the time.”

“Essa palavra existe em inglês?”
ERRADO: “Does this word exist in English?”
CERTO: “Do you say this in English?”


Fonte: Universa Brasil | por: Cecília Melozi