Mídia / Jornal Fera

Reitor da USP diz que não errou na gestão e critica candidatos ao cargo

19/12/2013

O professor João Grandino Rodas, que ocupa o cargo de reitor da Universidade de São Paulo (USP) há quase três anos, disse nesta quinta-feira (19) que, em sua opinião, não cometeu erros durante sua gestão. "Tive acertos maiores e menores, mas eu, pessoalmente, não vejo erros", afirmou ele ao ser perguntado sobre o seu maior acerto e o maior erro durante os anos em que liderou a USP. O reitor disse que a adesão da universidade ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma "tendência natural".
Rodas vai deixar o cargo em janeiro. Seu sucessor começou a ser definido nesta quinta, quando mais de 2 mil membros do colégio eleitoral da instituição votaram em quem deve ser o próximo reitor. Quatro chapas concorrem ao quarto, e os três nomes mais votados entrarão na lista tríplice. Ela será encaminhada ao governador Geraldo Alckmin, que escolherá um dos três candidatos para o cargo. A votação terminou às 13h e o resultado da votação deve sair até as 22h desta quinta.
Rodas votou por volta das 10h no auditório do Conselho Universitário, na Cidade Universitária, na Zona Oeste de São Paulo. Em entrevista após colocar sua cédula na urna, ele fez uma avaliação positiva de sua gestão, defendeu eleições diretas para reitor na USP e criticou candidatos ao cargo que, segundo ele, levantaram problemas sobre a gestão só durante a campanha, mas nunca quando ocupavam cargos administrativos.
Leia a seguir trechos da entrevista:
Maior acerto de sua gestão
"É difícil essa generalização. Eu acho que, primeiro, não é a minha gestão, foi uma gestão compartilhada. (...) O maior acerto foi fazer com que a universidade mudasse de patamar. Realmente a gente pode perceber que a universidade mudou de patamar em uma série de questões, houve uma evolução grande. Agora, não estou dizendo que foi a gestão que fez, nós simplesmente trouxemos uma dinâmica maior, fazendo com que a universidade pudesse fazer desabrochar tudo aquilo que ela já tem há quase 200 anos de força e importância." [a USP fará 80 anos em 25 de janeiro]
Maior erro da gestão
"Sinceramente, eu não vejo. Eu vejo acertos maiores e menores. Mas eu, pessoalmente, não vejo erros."
Possibilidade de a USP aderir ao Enem
"É uma tendência natural e normal. Se não aderir, quem vai ser prejudicada vai ser ela. Depois que ficarem acertadas essa questões fundamentais, é o momento de aderir. A Universidade de São Paulo é uma universidade muito grande. Não que ela seja melhor, mas ela sendo muito grande, e tendo muitos cursos, ela precisa colaborar com esses órgãos federais para dar lineamentos para que essas universidades desse tamanho possam ser realmente medidas e possam os alunos serem preparados para entrar nos vestibulares. É diferente de escolas menores e com menos cursos. As especificidades da USP ditam certas características que precisam ser observadas. Uma vez observadas, mesmo que basicamente, não há motivo para não participar."
Eleições diretas para reitor
Eu ainda pessoalmente acho que, melhor do que a consulta, seria a possibilidade de todos poderem votar. Todos, alunos, professores e funcionários. E ser, a meu modo de ver, e cada um tem o seu, professores [com peso do voto] valendo 70, funcionários 15 e alunos 15, que é uma proposta da própria Lei de Diretrizes e Bases."
Processo eleitoral
"Sinceramente, todos os que se candidataram são ligados à administração [atual], e uma parte deles, que nunca, em nenhum momento, fizeram observações anteriormente ao início da campanha, e depois fizeram colocações contundentes, em muitos casos a nível pessoal. E isso realmente significa que eles, durante o período de três anos e meio em que estavam [na administração], deixaram de lado a obrigação de levantar os problemas, ou que realmente [criticar a gestão] foi feito de forma absolutamente eleitoreira. (...) Resolveram trazer para dentro da eleição da USP o que de mais condenável a gente vê fora. Ou seja, uma campanha de tipo rasteiro para tentar pegar votos."
Consulta pública à comunidade
Foi uma consulta em que pouca gente participou. O que mais me chamou a atenção foi que os alunos, que com razão tanto falam em participação, tiveram uma participação só de 3%. Não é verdade [que a participação foi baixa porque, segundo os alunos e funcionários, a consulta foi feita no período de férias], porque o dia 10 [de dezembro] está dentro do ano letivo. E não pode ser em outro momento justamente porque, depois da mudança eleitoral que foi feita, tinha que ter pelo menos oito semanas de campanha."
Futuro após a Reitoria
Eu ainda sou professor da Universidade de São Paulo. Não estou aposentado. Mas não sou [professor] com dedicação exclusiva, porque eu nunca fui, e nem serei, quando aposentado.

Fonte: Terra