Mídia / Jornal Fera

Movimentos populares devem ser mais cobrados nos vestibulares

01/07/2013

Os protestos que marcaram o Brasil nos últimos dias e ainda ocorrem em alguns estados vão fazer com que outras mobilizações sociais registradas na história sejam mais cobradas nos vestibulares deste ano, segundo professores de cursinhos ouvidos pelo G1. Os educadores citam eventos como Diretas Já, Revolução Francesa, Primavera Árabe, Passeata dos Cem Mil, entre outros.
O assunto também deve inspirar temas de redação, de acordo com os especialistas, que podem cobrar conhecimento sobre movimentos sociais de forma geral. Se vão cair questões específicas sobre o movimento atual no Brasil não é consenso entre os professores.
Alguns educadores consideram que o fenômeno ainda não possui um desfecho, o que dificulta as análises, por isso não deve aparecer em forma de perguntas nos principais vestibulares. Outros acreditam que apesar do processo ainda estar em curso, algumas consequências concretas já podem ser citadas, como a revogação do aumento das tarifas do transporte público em algumas capitais, a derrubada da PEC 37, que tentava limitar o poder de investigação do Ministério Público, e a lei que transformou corrupção em crime hediondo.
Por isso, a recomendação é para que os estudantes se informem dos fatos, acompanhem o noticiário por meio de sites, revistas e jornais e discutam o assunto em sala de aula.
“É um processo em curso. Não tem como fazer análise sem ter claro onde as coisas vão chegar. Só vamos saber se a manifestação foi histórica depois de um tempo, se houver, por exemplo, mudanças nas próximas eleições”, afirma Célio Tasinafo, professor de história e diretor pedagógico do Cursinho Oficina do Estudante.
Tasinafo conta que em 1992 foi para as ruas participar do movimento Caras-Pintadas que pedia a saída do presidente Fernando Collor, e neste mesmo ano prestou o vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Lembro que caiu uma pergunta sobre a CPI e o tema da redação era sobre conflito étnico.”
Edmilson Motta, coordenador-geral do Etapa, concorda com a previsão. “A atualidade que cai no vestibular remete a algo bem mais estabelecido e ainda não há uma maturidade para fazer análises sobre a manifestação. Não teria sentido porque o fato é muito novo.”
Alex Perrone, professor de atualidades e geografia do CPV Vestibulares, e Rui Gomes de Sá, diretor de ensino do Curso e Colégio pH, concordam que os atuais protestos vão trazer à tona nos vestibulares outras mobilizações históricas, não só brasileiras, mas acreditam que o tema pode vir em forma de questões mais diretas.
“Também é possível relacionar os atuais protestos com outros movimentos que ocorrem na Europa, como na Turquia. Apesar de as manifestações ainda estarem em curso, o presente já se modificou e temos situações concretas, como o fato de a corrupção ter se tornado crime hediondo”, diz Sá.

Fonte: G1