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Assembleia na USP não vota sobre desocupação da reitoria

08/11/2013

Em assembleia na noite desta quinta-feira (7) no vão dos prédios dos cursos de geografia e história os alunos da Universidade de São Paulo (USP) decidiram não colocar em votação a desocupação do prédio da reitoria invadido desde o dia 1º de outubro. Foram 269 votos contrários à votação e outros 234 estudantes se declararam favoráveis ao que o tema entrasse em pauta.
Um ato está marcado para a próxima terça-feira (12), às 16h, na Avenida Paulista, e uma nova assembleia vai ocorrer na quarta-feira (13) para decidir os rumos do movimento. A decisão de manter a Reitoria ocupada contraria a notificação proferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) que prevê a reintegração de posse do prédio. O documento, entregue aos alunos nesta quarta exige que os ocupantes do imóvel saiam "com urgência" do local.
Uma reunião durante o dia nesta quinta entre estudantes em greve e a comissão de negociadores da Reitoria também terminou sem acordo.
Segundo a assessoria de imprensa da USP, a expectativa da Reitoria era que a assinatura do termo de acordo para o fim da greve estudantil que já dura 38 dias fosse feita. Mas, como a assembleia estudantil feita na noite de quarta-feira (6) rechaçou a nova proposta feita nesta semana pela administração da universidade, os estudantes apresentaram o resultado da votação e pediram mais uma vez pela continuidade da negociação sem o uso de força policial para retirar os estudantes que ocupam o prédio da Reitoria na Cidade Universitária, na Zona Oeste de São Paulo.
A assessoria afirmou ao G1 que a reunião, realizada na sede do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulista (Cruesp), na região central de São Paulo, terminou sem que as duas partes definissem uma nova data para a próxima rodada de negociação. Veja o que pedem os estudantes da USP e o que oferece a Reitoria.
De acordo com o estudante Pedro Serrano, que é diretor do Diretório Central de Estudantes "Alexandre Vannucchi Leme" (DCE Livre da USP) e membro da comissão de negociação da greve, "o que saiu da reunião de hoje foi que eles disseram que não têm indisposição de seguir a negociação, mas ao mesmo não se opuseram ao uso da força policial na reintegração de posse". Segundo ele, na visão dos estudantes "não se pode negociar com a faca no pescoço".
Em nota, a Reitoria afirmou no início da tarde desta quinta (7) que, desde o início da greve, foram feitas seis reuniões de negociação, que contaram com a presença de representantes dos sindicatos dos trabalhadores e dos professores da USP (Sintusp e Adusp), na posição de observadores.
A administração da universidade alega que a proposta de acordo apresentado na reunião de quarta (6) e posteriormente rechaçado em assembleia estudantil foi "deliberada conjuntamente" e que a expectativa dos negociadores era de assinar o termo nesta quinta.
"Reitera-se, ademais, a disposição da Universidade para o diálogo, que sempre pautou todo o processo", afirmou a USP em comunicado. A Reitoria lembro ainda que "não é da alçada da Universidade, mas da Justiça" a execução da reintegração de posse do prédio.
Mas os representantes dos estudantes afirmam que essa proposta equivale a um retrocesso em relação à anterior, feita no dia 31. Segundo Serrano, na reunião desta quinta a comissão estudantil reiterou a exigência da realização de uma estatuinte (principal reivindicação concedida na proposta do dia 31, mas retirada na versão anunciada na quarta) e o pedido de que não haja punição aos grevistas.
Além disso, ele afirma que o reitor João Grandino Rodas tem poder para impedir que a Polícia Militar retire os estudantes do prédio. "Depende da Reitoria entrar ou não entrar a Reitoria no campus, não podemos permitir que a Reitoria tome essa decisão desastrada", disse ele.

Fonte: Educação Nacional