Mídia / Jornal Fera

Professores de cursinho investem em paródias para explicar conteúdo

16/10/2013

O uso correto da crase na aula de Língua Portuguesa e o processo de formação e desenvolvimento das células germinativas na aula de Biologia podem se tornar mais divertidos se explicados ao ritmo de funk e cantiga popular.
As paródias foram criadas pelos professores de pré-vestibular Noslen Borges de Oliveira e Luiz Borges Neto. Segundo os autores, as paródias facilitam o entendimento do conteúdo repassado em sala de aula e podem ajudar os alunos na hora da prova.
"Fazemos uma análise da música e das informações diretas e daquelas subliminares que podem ser delas extraídas e que estão diretamente relacionadas com o assunto estudado. Assim, uma simples "musiquinha" pode trazer informações importantes para a reflexão do aluno diante de um problema", explica o professor Borges, de Biologia.
Ele acrescenta e diz que cantando as músicas, certamente os estudantes reconhecerão palavras-chave, que podem levá-los à resolução ou à dedução de um questionamento.
De modo geral, segundo Borges, as melodias mais fáceis de guardar na memória são as infantis como, por exemplo, Atirei o Pau no Gato, O Cravo Brigou com a Rosa, Mamãe eu Quero, entre outras. Nas paródias criadas por ele estão assuntos de zoologia, parasitoses, embriologia, botânica, fisiologia animal e humana e histologia.

"Sempre gostei muito de música, meu pai me ensinou a tocar violão desde cedo e estou sempre ligado. Não costumo sentar e pensar "agora vou fazer uma música", não. De repente ela surge na minha mente, quando estou preparando uma aula", acrescenta Borges.
O professor Noslen destaca que a aprendizagem através das paródias deve ser vista pelos alunos como um complemento do conteúdo estudado em sala de aula.

"Quando o aluno presta atenção nas aulas, as músicas com todo o seu lado lúdico auxiliam a gravar as informações principais", avalia. Entre os principais assuntos abordados por ele nas paródias estão a crase, acentuação, período composto por coordenação, orações subordinadas adverbiais e preposição.
"Minha mãe me incentivou a ouvir música desde pequeno. Na adolescência cantei, toquei violão e sax e atuei em bandas de grupos de jovens católicos. Nesta mesma época me arriscava a escrever letras cristãs e acho que este contexto todo me auxiliou a criar as paródias para o exercício da profissão", ressalta Noslen.

Diferente dos outros professores, Ulysses Bueno, que dá aulas de Matemática, aposta nas paródias como um momento de descontração.
"O conteúdo é pesado e os alunos acabam se desconcentrando com muita facilidade. Então, eu acabo utilizando mesmo as músicas como um momento de relaxamento aos alunos para trazê-los de volta para a aula", declara Bueno. O educador tem duas músicas prontas, mas afirma que a turma já interagiu com várias paródias de improviso.

Estudantes aprovam o método
Para o estudante Guilherme Henrique Lopes, de 22 anos, que vai prestar vestibular para o curso da Polícia Militar na Universidade Federal do Paraná (UFPR), as paródias ajudam a entender, principalmente, termos técnicos e fórmulas que são difíceis de decorar em sala de aula.
"Eles têm uma facilidade para englobar muita coisa do conteúdo em uma música só. Isso facilita justamente porque nós não precisamos ler muitas páginas dos livros", diz. Segundo ele, que se considera preparado para o concurso, pelo menos quatro paródias "já estão na ponta da língua", conta Lopes.
Rafaella Antonello, de 17 anos, que tenta o curso de Medicina pela segunda vez, conta que as paródias ajudaram quando ela tentou pela primeira vez, mas lembra que não adianta decorar a música sem, ao menos, ter uma base do conteúdo.
"Me ajudou bastante a lembrar aquelas palavras esquisitas que na hora do nervosismo dá um branco", explica. Ela se considera confiante nesta edição, mas reconhece que ser aprovado em Medicina é difícil. "A prova exige muito da gente. Mesmo estudando quase oito horas por dia, não posso afirmar que estou preparada. Mesmo assim, não perco a esperança", relata.


Fonte: G1