Mídia / Jornal Fera

Pesquisa aponta que jovens não sabem avaliar credibilidade de informações online

25/11/2016

Não há geração mais conectada e ligada ao que está acontecendo do que a dos Millennials e da Geração Z – nascidos entre 1980 e 1995 e 1995 em diante, respectivamente. Argumentadores, eles estão sempre atualizados sobre as últimas notícias do mundo, porém, de acordo com uma pesquisa feita pelo Grupo Educacional de História de Stanford, eles nem sempre conseguem apurar a credibilidade do que leem.

O levantamento, realizado por pesquisadores da Faculdade de Educação da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, perceberam que, apesar de seu contato constante com as redes sociais e a internet, os jovens apresentam dificuldades na hora de julgar se algo que leram é real ou buscar a fonte de uma notícia, chegando a confundir propagandas com artigos.

Liderada pelo professor Sam Wineburg, a pesquisa começou a ser construída em janeiro de 2015 e cobriu temas como a literalidade das notícias, a habilidade dos estudantes de julgarem o feed do Facebook e do Twitter, comentários deixados nas sessões de opinião, postagens de blogs, fotografias e mensagens digitais que moldam a opinião pública.

Para se chegar aos resultados, foram elaborados 15 testes apropriados às idades dos participantes. Eles foram divididos entre alunos do ensino fundamental, médio e superior. De acordo com Wineburg, os resultados foram surpreendentes em todos os casos.

Para os alunos do ensino fundamental foram avaliadas habilidades básicas, como a credibilidade de conteúdos em tuítes e artigos. Um dos pedidos era para que eles diferenciassem o conteúdo de um site do que era propaganda. Os alunos conseguiram localizar os anúncios tradicionais com facilidade, mas mais de 80% acreditou em um era real, mesmo contento o alerta de “conteúdo publicitário”.

Já no ensino médio, a tarefa era analisar se os alunos eram familiarizados a ferramentas como a marca em redes como Twitter e Facebook que legitima contas. Pedidos para avaliar dois posts sobre uma mesma notícia – um de uma conta verificada da Fox News e outro de uma conta que parecia a do canal de televisão – apenas um quarto dos estudantes reconheceu a verdadeira e identificou o selo de verificação. 30% ainda argumentou que a conta falsa era mais crível por conta de elementos gráficos que nela constavam.

Para os universitários, o nível exigido foi maior e as questões mais complexas envolvendo, entre outros tópicos, política. À princípio, foi pedido que eles analisassem informações recebidas por meio de pesquisas no Google e verificar se ela estava correta. O objetivo era compreender se os alunos avaliavam diferentes ângulos e possuíam raciocínio crítico – algo muito pedido nas empresas atualmente.

Em um segundo passo, eles precisaram verificar a credibilidade de um site. Os pesquisadores compreenderam que grandes volumes de produção, layouts bem desenhados e com um “sobre” bem feito e indicações a fontes e organizações com boa reputação faziam com que os estudantes acreditassem nas informações sem verificá-las.


O QUE ISSO MOSTRA?

Para os pesquisadores, isso aponta que os jovens focam mais nos conteúdos do que nas fontes e, apesar da ampla participação nas redes, eles desconhecem – ou ignoram – ferramentas básicas como a de verificação na hora de ler as notícias.

A pesquisa, no entanto, não está concluída. Os próximos passos são ajudarem os professores a usar os dados para ajustar seu modo de instruir de acordo com o entendimento dos alunos. A ideia final é produzir vídeos tratando sobre o tema e fazendo uma conexão entre a alfabetização digital e a sociedade informatizada. O objetivo é ajudar os jovens a apurarem seu olhar na hora de avaliar a credibilidade de algo que leram na rede.

As pesquisas foram feitas em 12 estados com um total de 7,804 respostas vindas de escolas públicas e privadas. As avaliações universitárias foram feitas em seis universidades. Além de Wineburg, o estudo foi concebido e co-criado pelos também pesquisadores de Stanford Joel Brakstone, Sarah McGrew e Teresa Ortega.


Fonte: Universia Brasil